O diário da fugitiva.

Sabem, eu fugi.
E não me arrependo disso.
Minha mochila preta está completamente lotada. Tralhas, fotos, roupas, livros e comida. É tudo do que eu preciso.
Tenho 50 reais, que economizei de minha mesada, e consigo aguentar uma semana com isso.
Pulei a janela e me aventurei por entre as sombras. Tomei banhos de chuva, fugi de ladrões. Uma simples menina de preto, se misturando com o obscuro dos becos. Essa era eu.
Tudo bem, eu fui ameaçada, fui machucada, fui violentada, mas e daí? Eu não posso ficar onde eu não pertenço. Num lugar onde ninguém me ama, onde ninguém me quer, onde olhos vazios e monótonos não conseguem me ver, sinceramente, eu tenho mais a oferecer.
Depois de dois meses, eu já não tinha nada. Ia de cidade em cidade. Roubava minha comida, e não trabalhava. Tinha 13 anos, o que podia fazer? Era de menor, não me aceitavam.
Por entre sombras eu me escondi, por entre obscuros becos dormi, e mesmo assim não desisti.
Mas, por favor, eu te imploro, mostre-me o caminho certo, mostre-me a sombra que realmente me guardará. Que realmente me oferecerá algo melhor. Um motivo por ter saído. Um motivo por não ter voltado...

Texto inspirado na música Exodus - Evanescence.

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