Transformações ensagüentadas... (Parte 4)

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Além de não querer machuca-lo, não queria te transformar naquilo...
Naquela coisa, que chora sangue e que anseia por ela desesperadamente.
Você passava a mão pelos meus cabelos, e acariciava minha nuca... Eu me arrepiava e mordia seu pescoço levemente... Pelo menos isso...
Minhas noites de prazer ao seu lado seriam menos dolorosas... menos tentadoras... mas também  menos ferteis...
- Sabe que... eu preciso me alimentar de outros, agora, não é? - Eu ri, e debochei com a cara dele.- Talvez seu desejo não tenha sido assim, tão certo...
Ele me apertou... Seu corpo ainda me aquecia como se o sangue ainda estivesse presente naquele coração que tinha, a partir daquele momento, virado gélido...
Teu beijo durou um certo tempo, e teu suspiro depois demorou uns segundos... Longo... Estava decepcionado...
-Sim... Mas... Depois eu terei você, de qualquer forma... - Você se preparou para beijar-me novamente, segurando-me pela cintura, mas eu virei o rosto.
-É uma vingança... Não um tipo de recarga. 
- Eu não me importo... Você sentiu vingança comigo?
- Não... senti prazer...
Seus olhos encontraram os meus, e seu sorriso malicioso me fez com que eu arrepiasse.
- Pois então... Posso te dar esse prazer todas as noites e ...
- O prazer de sangue. - Interrompi sua frase. - Por dentro eu sentia angústia! Eu queria que você pudesse morrer!
- Como? - Você me olhou assustado e eu mordi o meu lábio inferior...
- Quero dizer... Eu queria o seu finito! - Olhei para você tentando buscar naqueles olhos algum ar de compreensão...
Mas não encontrei...
- Quer que eu morra?
-NÃO!
-ENTÃO O QUE, MILLENA? - Você demonstrava ódio, e eu, desespero. Mas irritação.
Sai do quarto e bati a porta com tudo, deixando-o sozinho no lugar.
"MILLENA, VOLTE! MILLENA!"
Era o único que eu ouvia, era a ultima coisa que eu ia ouvir saindo de sua boca, pois nunca mais queria o ver...
Pena que meus desejos não são atendidos...

Millena Petterson


Transformações ensagüentadas... (Parte 3)

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-Quer mesmo que eu faça isso? - Ridícula! Havia apaixonado-me, como pode?; por um humano!
E o rapaz,  como todos os outros, também. Quem não se apaixona por mim? Mas eu fui tola...
Deixei-me levar pelo prazer ao seu lado, pelas noites, e pela beleza, uma beleza que nem todos os homens tinham.
-Quero... Eu a desejo, eu a preciso, por mais que seja doloroso! - Você me abraçou pela cintura e nossos corpos se colaram.
Minha pele gélida, e teu corpo me esquentando. Eu não podia suportar! Seu peitoral era exibido, com a falta da camiseta... Eu tinha que saciarme, tinha que te morder... Mas eu simplesmente não queria!
-Eu não posso.. Eu... Eu te amo demais para isso! - Antes que você pudesse dizer qualquer coisa, antes que pudesse revidar, eu o beijei.
Meus dentes o machucaram um pouco, eu senti o gosto de sangue dos seus lábios... E, enfim, me descontrolei... Eu mordi seus lábios, e você gritou de dor e angústia, eu virei uma selvagem.
Mordi seu pescoço e senti o gosto do sangue. Nós ainda estávamos abraçados,e eu o apertei, bem forte.
Os seus gritos me angustiavam por dentro, mas exteriormente eu me saciava, eu me satisfazia, eu adorava aquela sua dor!
Eu queria parar, eu queria deixá-lo em paz, queria que você fosse eterno! Eu queria o seu fim!

Millena Petterson

Transformações ensagüentadas... (Parte 2)

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Eu estava satisfeita.
Meu corpo estava forte, e meus lábios avermelhados com seu sangue.
Olhei nos seus olhos e sorri maliciosamente.
Estava chorando...
Ó, pobre alma. Eram o que me diziam.
Ah, por favor, poupe-a, pois o teu desejo vem logo depois do bem dos teus acompanhantes.
E de que me importava? Tinha um acompanhante para cada noite, cada um com um sangue diferente, um sangue bom, totalmente saciável.
E no final?
No final choravam...
Ora, poupe-me peço eu.
Faço um favor de dar-les a imortalidade que um dia um destes me deram, dou o grande desejo do infinito aos humanos, e ainda choram? Ainda querem que eu os poupe depois do que passei? Daquela dor, e , logo depois, desse insaciável desejo pelo sangue humano, que na verdade é um sangue ruim?
Não sou tão boa com quem me implora... Na verdade não sou tão boa assim...
Eu os invejo, tolos humanos.
Sim, pois choram através de lágrimas, enquanto eu sinto o sangue escoando pelos meus olhos.
Isso é uma verdadeira dor.
E eu a sacio depois... Depois de os dar uma noite agradável...
Como podem pedir tanto, para alguém tão boa como eu, nesse sentido?
Agradeçam, pois vocês terão essa vida eterna pelo resto dos tempos...

Millena Petterson

Caçadora de Almas. (Parte 2)

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Ela abraçou carinhosamente o rapaz.
Não chame-a de atirada; pois, além do garoto ter apenas 13 anos, ela sabia como era não poder sentir certas coisas.
E naquele caso, as certas coisas, era nada.
-Vou poder chorar novamente? - O garoto olhou fundo nos olhos dela, que por sua vez tinha no rosto a expressão de surpresa...
Geralmente as pessoas pediam pelo sorriso, pelo bem estar. Porque o menino seria diferente?
Roberta viveu todos os seus 16 anos implorando por um sorriso sincero, por sua alma relaxada... Porque aquele menino de apenas 13 anos pedia justamente lágrimas?
-Sim.. mas preciso te perguntar....
-Por que eu quero chorar e não sorrir? - Ele tinha entendido, ela assentiu. - As lágrimas limpam a alma, o sorriso esconde as mágoas e machuca.. Prefiro chorar.. - O garoto era inteligente...
Ele olhou-a admirado...
Sendo sincera, ele achou Roberta linda, com aqueles curtos cabelos ruivos, e olhar perdido.
Ela assentiu para ele, e levantou-se.
- Vou conseguir tudo de volta, relaxa...
E Roberta se pôs a caminhar, com o garoto  atrás dela. Talvez, um admirador do trabalho dela, ou então da beleza, ou da personalidade...

Meus agradecimentos, pois nos momentos difíceis, eu tive amigos.

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Só um pouco entristecida...
Palavras que não esquecerei...
Palavras que fizeram-me soltar lágrimas, estas dançando triste e amargamente pelo meu rosto.
E as palavras vieram de duas pessoas muito importantes:
Meu amor incansável.
E de minha amiga, na qual trocava histórias de amor, e aconselhava-a. Vejo que o conselho veio agora para mim.
De quem queria mais um beijo que belas palavras, e de quem eu menos esperava pelas palavras fortes de encorajadoras.
Fui melhorando, mas não completamente.
Mesmo que tenha sido brincadeira, foi forte e eu levei realmente a sério a situação.
Deu um buraco em meu coração, e água se acumulou em meus olhos.
Não que chore muito, mas sim acumulo tristezas para solta-las logo todas de uma vez.
Obrigada, muito obrigada mesmo, meus amigos lindos e maravilhosos, amo muito vocês.
Jefferson e Luane.

Att, M. Catalina ₢

Transformações ensagüentadas...

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Nos dias escuros, meu corpo se fortalece. O sol me incomoda, eu posso adora-lo, mas agora. ele me irrita.
O sangue me sacia, meus olhos me traem,
A cor avermelhada me lembra o vinho, e eu o consumo prazerosamente...
Minha pele era branca, mas agora se põe morena com a queimação solar, pois meus braços doem, minhas pernas me massacram, com essa macabra cor forte na pele, que não me agrada, que me tortura.
E sinto meu coração batendo mais forte, nas noites passadas com você.
Eu sinto vontade de morde-lo, lhe dar o prazer das noites escuras a sós.
Depois daquela noite, depois daquele momento em que nossos lábios se tocaram e eu empalideci, não consegui mais resistir a teus gracejos.
Você me seduzia, mas eu sentia um ódio enorme por ter me transformado nesse ser.
O seu sangue me saciava, as suas lágrimas me faziam continuar.

Millena Petterson. 

Caçadora de Almas.

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Estava chovendo, e a menina sentia cada gota d'água.
Sentia as lágrimas virem, mas não chorava.
Estava séria, pois tinha perdido os sentimentos.
Porque aquela pessoa tinha levado consigo os sentimentos dela.
O homem que a criou, traiu e abusou a mãe, e, depois, como se tudo já não fosse o suficiente, tinha a abandonado.
Na chuva.
Levado os bons e ruins sentimentos e momentos dela.
Literalmente tinha roubado sua alma.
E ele não iria cessar.
Ele iria querer mais.
Ele iria querer deixar mais pessoas sem seus sentimentos, sem sua essência, sem a alma delas,
Ele roubaria mais, deixaria todos sem suas esperanças.
Era o trabalho dele, afinal.
Mas ela as recapturaria.
Afinal, ela era Roberta Katelin, a caçadora de almas, e ninguém a podia sentir a dor que ela sentiu, nem o que sente.
Além do mais, Roberta não sentia nada...

Pequena Reflexão: Não se deixe apaixonar por pessoas erradas!

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Πήγα από ένα κορίτσι, είτε, χωρίς συναισθήματα,χωρίς να γνωρίζει πώς να αγαπούν, και να έχουμε μόνο μίσος μέσα μου για ένα κορίτσι που ξέρει πώς να ερωτευτεί ... Αλλά επίσης γνωρίζουμε πώςνα υποφέρει για το πάθος ...
Passei de uma menina qualquer, sem sentimentos, sem saber como é amar, e simplesmente ter ódio em mim, para uma menina que sabe como é se apaixonar... Mas que também sabe como é sofrer pela paixão...

Certas indiretas.

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Quem sabe o meu mundo desmorone pelo meu ser apaixonado.
Pois o teu dizer de que me ama é triste, porque eu sei que não.
Tuas palavras carinhosas me corroem, porque teu olhar me vacina.
Teus elogios me confundem, pois não sei se são verdadeiros ou simplesmente para agradar-me.
Sou quem você mais confia?
Você é quem mais me confunde.
Sou quem mais te ouve?
Você não ouviu nem metade do que eu sinto por você.
Sou quem te aconselha?
Você é a pessoa que eu desejo ouvir conselhos.
Sou quem mais tenta te entender?
Eu só queria que você entendesse...
Queria que você entendesse: QUE EU TE AMO PERDIDAMENTE!
Pena que você não percebe isso ainda...

M. Catalina ₢

Poupe-me das lágrimas...

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As tuas palavras carinhosas me cortam a alma, parte porque sei que são verdadeiras, parte porque sei que são poucas demais... Porque sei o que você sente, e como eu odeio sentir isso exageradamente.
E você ainda é indeciso.
Não sabe o que quer.
E isso me angustia.
Pois tenho vontade de lhe gritar no ouvido, que eu estou ali ao seu lado... E que é para pensar melhor, e que simplesmente quero mata-lo por ter-me feito com que eu me apaixonasse perdidamente por você... e depois de um certo tempo, você ter me dito que estava enganado.
Por favor, me poupe por um tempo, e pense.
Faça com que a minha decepção, pelo menos, seja concreta.
M. Catalina

Μέρη των έμμεσων μου για σένα. Αποδεικνύοντας ότι τον αγαπώ ακόμα περισσότερο από ό, τι εγώ ...


Daniela Isadora Morgan: A vingança de uma Bruxa. (Parte 8)

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Estava dentro de um circulo, que tinha feito com um giz de cera vermelho.
5 velas: 
Ar.
Água.
Terra.
Fogo
E Sangue.
A faca tinha o desenho de uma pena... Uma pena afiada e mortal...
Uma pena que ao enfiar em meu coração faria minha vingança completa....
Me mataria... Mas mataria aquela mulher.
Pois eu era a força vital dela.
Eu tinha o poder dela.
Eu era ela.
E ninguém iria me impedir.
Levantei a faca, e balbuciei algumas palavras...
E cravei-a em meu coração.
E eu sorri. Um sorriso débil.
Um sorriso de quem sente que outra está morrendo.
E nevou.
E eu caí.
Eu congelei.
Eu me fui.
 Daniela Isadora Morgan 

Postagem Celine M. Yerik

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A menina ficou ali, parada, olhando o irmão ir embora.

E ele só tinha dito que ia embora...
Só aquilo...
Nada mais...
Como se... como se ela não tivesse dito mais nada...
Por impulso Celine deixou o livro cair no chão, e ficou olhando o irmão desaparecer quando adentrou no castelo.
O vento batia mais forte, e mais forte. 
Nuvens negras cobriam o sol.
E uma tempestade se aproximava.
Uma gota de água caiu no braço da menina, que acordou e recolheu o livro caido ao chão.
Saiu correndo para o castelo, lembrando do que podia ter feito ou conversado com o irmão sem aquilo... 

Sem aquelas lágrimas sendo derrubadas a tona.
Uma expressão séria veio a face da menina, que entrou no castelo e ficou ali, sentada na entrada, vendo a chuva, e sentindo o vento forte que vinha junto com ela...


Daniela Isadora Morgan: A vingança de uma Bruxa. (Parte 7)

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 Sentia meu coração ainda mais pesado...
Não sabia se aguentaria mais aquele sofrimento, mas fui treinada, pela vida, para suportar.
Eu somente precisava de sangue... Um sangue puro... Um bom sangue...
Meu sorriso malicioso se abriu.
Minha sede de sangue se aumentou.
Meu coração bateu mais forte.
Lá estava em minha frente uma vela avermelhada.
Sangue...
Era feito de sangue a cera...
Estava na hora... Eu tinha conseguido...
Agora eu precisava do frio, do meu coração congelado, da minha sede de sangue finalmente saciada...
 Daniela Isadora Morgan 


Carta para Luna...

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Talvez a lua estivesse ali para me recordar de minha passada vida...
Talvez eu tivesse que conversar com ela, e a entender, vendo por outros ângulos, para poder ser parte dela.
Talvez, mas só talvez, eu fosse apaixonado por ela.
A Lua...
Lua me lembrava Luna, que era o mesmo em espanhol...
Luna...
Ah, minha doce Luna... Minha doce amada...
Como poderia viver sem este astro em minha vida?
Sem este astro que iluminava meu coração sem mesmo transmitir raio de luz algum.... Não um raio visivel...
Pois eu sempre soube que minha amada Luna tinha uma luz própria.
Quem sabe... Ah, sim, quem sabe... Quem sabe virasse uma estrela este meu amor... Quem sabe estivesse naquele momento brilhando para mim...
Pois eu conversava com cada estrela... E a que brilhava mais, era a estrela que eu procurava....
A minha amada... Por que me deixaste tão cedo? Por que tinhas de ir tão cedo?
Luna, meu coração... Por que tão cedo...?





Daniela Isadora Morgan: A vingança de uma Bruxa. (Parte 6)

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O modo que aquela lâmina me cortaria não parecia importar... 
Pois naquele momento eu sequer sentia o vento.
Segurei no cabo da faca. E a lâmina brilhou.
Era certeza.
Eu era a escolhida.
Pois minha vingança não se tinha início até eu conseguir aquela faca.
Pois era com aquela faca que eu deixaria a mulher imóvel.
Enfim, morta.
Pois eu não temia mais aquela moça.
Não temia mais, e nem a fazia gracejos.
Agora era eu e minha vingança.
E ela fazia parte dela.
Está ouvindo "mãe"? 
Você faz parte dela...
 Daniela Isadora Morgan 


Uma descoberta de aventura.

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Pois naquele trem adormecida estava eu.
Acordei quando um homem perguntou-me se a cadeira ao meu lado estava vaga.
Por um momento pensei na falta de percepção do homem, por não ter notado que estava dormindo.
Porém esqueci o fato, ou pelo menos deixei-o de lado por um momento.
Disse que não.
Mas me senti curiosa, com a necessidade de saber quem era aquele rapaz alto, de cabelos compridos, mas que iam somente até o pescoço, um pouco bagunçados.
Os olhos eram castanhos bem escuros, que faziam com que eu me sentisse observada por ele a todo o momento.
- Bom dia...- Sorri e estiquei a mão para cumprimenta-lo. - Meu nome é Louise Skatvaine, um grande prazer.
- Bom dia, senhorita Skatvaine, sou Jonathan Musze. - Ele apertou minha mãe com um belo sorriso. Um belo sorriso simpático.
Um rapaz educado, pelo visto, e gentil.
-Belo sorriso...- Sussurrei para mim mesma, mas, de qualquer forma ele me ouviu.
- Obrigado, senhorita. - O sorriso dele se alargou, e minha face corou. - Está vermelha, senhorita. - Ele deu uma risada gostosa, e eu me senti absorvida por aquele bom humor.
- Oh, que coisa... - Acompanhei ele com as risadas, mas logo mudei de assunto, envergonhada. - Pois bem, Jonathan... Posso lhe chamar assim?
-Chame de Jon, minha cara. - Ele concordou, e eu continuei.
- Chame-me de Lise, se preferir...- Ele assentiu, sorrindo, e eu prossegui.- E para onde o senhor estaria indo, Jon? Alguma viagem de negócios?
- Talvez... E a senhorita?
- Em busca de uma aventura.
Ele sorriu, e apontou para a janela.
Eu olhei, e vi neve caindo...
- Lise... - Ele sorriu ainda mais, e eu o encarei.- Parece que estamos no mesmo barco...

Levada pela Tempestade

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Os raios tocavam o chão, na tempestade gloriosa que decidiria se eu estaria vivas, ou morreria submersa.
O vento balançava-me mais.
A água ficava mais furiosa.
O fogo que queimava a floresta que tão perto estava, não cessou, e o calor possuiu meu corpo.
Um sorriso.
Ainda estava lá, esboçado em meu rosto.
Balbuciei palavras que não ouvi.
Mas os outros entenderam.
Raios caíram, e trovões fizeram o chão tremer.
Eu sentia o poder.
Eu sentia que ia ser liberta.
Estava acontecendo.
Jogaram-me em auto mar.
E um raio cortou os céus.
Eles fugiram, eles me temeram.
As correntes me levaram para baixo.
Eu não via. Eu não temia.
Eu só sentia.
E depois, nem isso.
Pois eu tinha morrido.

Correntes delicadas...

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E balançavam aquelas correntes como se fosse a maior brincadeira do mundo.
Eu estava cega, mas tinha a noção de estar sustenta em uma ponte, com correntes machucando-me o pulso, deixando-o vermelho.
De novo, eu sentia a dor.
Mas era uma dor calma.
Ouvia.
Ouvia o vento batendo, sentia meus cabelos esvoaçando.
Meu vestido estava rasgado, a alça dele já não existia mais. 
Meus pés não tinham sustento.
Não tinham firmeza.
Eram simples partes do meu corpo.
Só mais partes de meu corpo.
Sujos, surrados, machucados, sangrando.
As correntes faziam com que a dor aumentasse.
Sentia meus pulsos doendo ainda mais, como que se, por um erro horrível, eles simplesmente se quebrariam, e eu estaria sendo jogada em um mar profundo...
Eu sorri.
A morte estava na minha vida desde aqueles dias de silêncio.
Eu não ouvia mais nada.
Agora estava cega e surda.
Pois agora minha alma não seria ferida.
Pois agora eu tinha admitido que morreria.
E isso era o suficiente, para me fazer sobreviver.


Sentidos absurdos...

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Eu não via.
Eu escutava. Eu sentia.
Mas eu não via.
Sabia o que acontecia ao meu redor. Ouvia os xingamentos que recebia, e também ouvia as sentenças dos mal tratos que receberia.
Por que? 
Não sei. 
Queria saber, mas não acreditaria se não visse.
Mas eu não podia ver nada.
Meus olhos estavam lá. Sentia quando eu piscava, que parecia cada vez mais lentamente o meu ato.
Eu sentia.
Pois alguém me segurou pelo braço, e voz grossa e assustadora, me deu arrepios ao sussurrar no meu ouvido.
Eu ouvia.
Ouvia facas sendo afiadas. Ouvia urras, e vaias. Ouvia as correntes. Ouvia os chicotes.
Eu também os sentia. E desejei nunca querer sentir.
Senti cada chicotada na pele desprotegida, pois meu vestido tinha sido rasgado com facas.
Senti algo pontiagudo na garganta.
Gemi.
Nesse momento queria não poder falar. Nem sentir.
Mas, acima de tudo, não ouvir.
Pois o que não cortava meu ser físico, cortava meu espiritual.


Silêncio maldito...

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O mesmo que encobria-me nas noites de angústia.
O mesmo que cercava minha vida até não existir nenhum som. Eliminando-os de forma forçada. De modo congelante.
O mesmo que nos fazia não sentir o que o outro sentia.
O mesmo que me fazia receber as surras da vida.
As dores do mundo.
A tristeza das palavras, as últimas ditas, as mais amargas.
O silêncio...
Causador de eu lembrar das últimas palavras que ouvi. De suas palavras. Aquelas palavras ruins.
Pois, um dia me disseram.
"O silêncio é a maior covardia dos fortes."
Palavras amaldiçoadas. Que foram captadas por uma menina que outrora fora forte. Mas que agora... Ah, agora...
Agora era apenas uma covarde.



Uma promessa reveladora.

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O balançar do trem me deixava sonolenta.Sentia-me em uma cadeira de balanço,na qual quando criança minha mãe punha-me no colo dela e me balançava.
Na época tinha 6 anos, e morava em uma casa humilde. Mas, depois de casar-me, com apenas 16 anos, forçada pela pobreza de minha família, e adorada por um homem rico, passei a morar em um casarão, antiquado, com muitas portas, para muitos quartos,que nos meus dias de monotonia, e noites de insônia, eu havia vasculhado segredos.
Lembrando de tudo, adormeci...


"Amada... Prometo que nunca terás medo de algo comigo ao seu lado. Sempre serás feliz, sempre te protegerei, até depois de minha morte, meu bem."


As palavras de Robert vieram à minha mente.
Promessas que ele nunca poderá cumprir, pois a morte havia vindo antes. E eu sinceramente nunca acreditei em coisas como anjos. Deus, sim, mas anjos? Acho isso um pouco absurdo. 
E caso existissem ? Bem... Não perderia ele o tempo cuidando de bem, sim?
Mas... Toda vez que eu adentrava em nosso quarto, e via um quadro de nós dois juntos, no dia de nosso casamento, me sentia vigiada por aqueles olhos.
Eu nunca o amei, mas respeitava - e respeito - muito.
Era um bom homem, honesto, e não se vangloriava pelo dinheiro que tinha.
Presenteava-me com o melhor, e adorava meu sorriso.
Passaram-se 5 anos de casada. E, naquele dia, no trem, adormecida, 1 ano de viuva...


Louise Skatvaine




Um convite intrigante.

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Podia eu ter negado ao chamado, e evitado completamente o que iria acontecer.
Mas a curiosidade de uma criança me impedia.
A carta estava em minhas mãos, e a sensação de aventura também.
Meu coração batia forte, e um sorriso malicioso, de ânsia de aventuras, tinha tomado a seriedade que adquirira minha vida monótona.
Geralmente era encontrada sentada  na poltrona, com o vestido cor de vinho caindo sobre meus pés, olhando meus pequeninos filhos brincando com os carrinhos de madeira.
Mas agora, ah sim, lá estava eu.
Agora com meu vestido mais simples, marrom claro, lábios avermelhados, olhos verdes atenciosos; sentada em uma cadeira, um tanto quanto desconfortável, de um trem.
- Mas minha senhora, e as crianças? - Margareth se preocupava... Era uma boa criada, que cuidara de mim desde o berço, com apenas 12 anos, carregando a responsabilidade de uma mãe.
- Eles ficarão com a avó, ela concordou. Nada me tira a oportunidade de ir a essa aventura.
Pedidos de cuidado, e vários "Boa sorte".
Minha jornada havia se iniciado...

Louise Skatvaine