Era uma vez uma linda menina.
Tinha cabelos escuros como a noite, pele branca como a neve, lábios vermelhos como sangue. Seu nome era Branca de Neve, e muitos a reconheciam pela sua grande beleza. Filha do Rei de Hibéria, era a única herdeira ao trono. Seu pai era muito apaixonado pela sua mulher, mãe, obviamente, de Branca de Neve.
Porém, um dia a rainha foi raptada pelo Rei de Montwaks para ser sua esposa. O pai de Branca de Neve teve um ataque de fúria, ódio e desprezo por sua mulher e pelo Rei, que tinha conseguido casar-se com Lilian, a rainha. Uma longa guerra sucedeu este acontecimento. Vidas foram desperdiçadas, de homens, mulheres e crianças, por causa dos ciúmes do Rei de Hibéria.
O auge daquela batalha foi em um monte, chamado Everest. Quinhentos soldados se encontraram para a batalha que por fim decidiria o vencedor de toda aquela atrocidade. Os homens estavam enfraquecidos, arrasados, alguns com braços quebrados e rostos desfigurados; mas de qualquer forma, foram à luta.
Os reis se encaravam de forma mortal, com olhos sedentos por sangue. Mas o Rei de Montwaks tinha sua arma secreta: Lilian tinha sido levada para a batalha. Uma moça velha a acompanhava, corcunda, puxando-a pelos cabelos iguais aos de Branca de Neve. A rainha chorava e implorava por misericórdia.
- E então, Dervan, o que irá fazer? - Próssigos, Rei de Montwaks, desafiou com um sorriso maldoso Dervan. - Cabelos como a noite, pele como a neve. - Ele desceu do cavalo, que balançou a crina observando os corpos ensaguentados em volta dele. - Lábios como o sangue, olhos recitando uma prece. - A velha, que não tinha sido notada por Dervan no começo, deu uma risada e segurou uma faca em frente ao coração de Lilian. - Dê-me seu coração, doce rainha da Neve.
- NÃO!
Um grito ecoou pelo monte Everest, e sangue manchou o chão. Com um puxão profissional, o coração da falecida rainha pulsava friamente nas mãos da velha.
- SEU MALDITO! - Dervan correu com a espada em punho, mas com um último sorriso Próssigos e a velha já tinham sumido. Agora era somente ele, os mortos, e seu coração despedaçado.
Enquanto isso, no Castelo, Branca de Neve brincava com uma boneca. Era igual a mãe, mas tinha um olhar frio e distante. Os olhos eram azuis, como safiras, perdidos em um tempo e espaço desconhecidos. Ela tinha 6 anos quando tudo isso aconteceu. Ela cantarolava uma música em silêncio, sobre como seu coração seria do príncipe que a teria, sobre como ela dormiria anos e anos somente para sonhar, sem medo, no céu e em seu destino.
É claro que ela não sabia o que aquilo tudo significava. Ela lera em um livro, um livro com capa vermelha, fecho de ouro e folhas envelhecidas.
- Em um sonho... Você dará seu amor para mim? - Seus lábios moviam-se delicadamente enquanto penteava os cabelos loiros da boneca, e então sua cantiga foi interrompida por um eco surdo.
O coração da menina bateu forte, como se fosse explodir, e ela gritou da mesma forma que sua mãe estava gritando por piedade. Jogada ao chão, nossa querida Branca de Neve tinha lágrimas nos olhos, que encaravam cansados e amedrontados a moça de preto em sua frente: cabelos loiros, pele branca, olhos verdes cruéis. Jovem, encantadora. Porém tinha um sorriso frio e vingativo. Em suas mãos, um coração que batia lentamente, tentando sobreviver.
Ela caminhou até Branca de Neve e passou a mão em seus cabelos, deixando um rastro de sangue.
-Cabelos como a noite, pele como a neve. Lábios como o sangue, olhos recitando uma prece. Dê-me seu coração, querida, querida Branca de Neve.
Branca de Neve. Capítulo 1- A profecia.
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Já deixei os sonhos de menina para trás, meus medos e meus desejos. O que quero agora é tornar tudo realidade, mostrar ao mundo o valor que eu escondia. Agora todos me temerão, pois com as palavras eu poderei matar. Agora todos me amarão, pois com as palavras eu ensinei a amar. - M. Catalina
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