Ele a capturou, os braços beijou, cada curva de seu corpo foi examinado pelos olhos do rapaz.
Os cabelos negros que lhe caiam nas costas, os olhos pedindo socorro, encarando desesperadamente por detrás dos muros do castelo. A neve caia, e seus membros estavam frios, mais do que sua própria cor. Branca de Neve, era o nome dela.
Os lábios avermelhados eram pressionados contra os lábios frios dele, seu corpo esquentava-se com os beijos do rapaz, mas queriam continuar frios, pelo medo, pela repulsa.
Pouco a pouco a mão dela percorria pelos seus braços, cada parte tocada sentindo o fogo que lhe saia das mãos. As chamas lambiam os braços dela, mas não a machucavam, pois ele não deixava. Somente permitia a elas dançarem pelas roupas da menina, deixando marcas acinzentadas de pó, nunca retirando a delicadeza da neve dos membros da garota.
Dedo Empoeirado, o denominavam. Aquele que brincava com o fogo, aquele que o fogo amava, aquele que os cabelos imitavam a cor das chamas, e a beleza imitava as fagulhas que saiam das fogueiras.
Onde aqueles olhos negros poderiam competir com a beleza do azul nos olhos de Branca de Neve?
Onde dois seres tão distintos, opostos tão inimigos, seres tão diferentes, poderiam se amar?
Dedo Empoeirado não sabia, mas não queria que Branca de Neve fosse embora. Ela não o amava, mas e dai? Se ela se fosse, ele a descongelaria.
- Fique comigo, fique, querida rainha branca. Seja minha, pois tudo o que quero e necessito é você.
Os beijos se tornaram mais ousados, as chamas se tornaram mais intensas.
Branca de Neve ainda mantinha seu modo frio de ser, seus olhos mandando rajas frias de repulsa para Dedo Empoeirado, que continuava tentando derreter aquele gelo com seus beijos.
As alças do vestido dela foram aos poucos caindo dos ombros, o vestido aos poucos foi reduzindo-se a nada, as chamas ao pouco foram cobrindo-a maternalmente.
A visão de Dedo Empoeirado era da beleza em si, e os lábios de Branca de Neve simplesmente tentavam impedir palavras de ódio saírem, fazerem com que ela descongelasse em uma poça d'água pelo calor que Dedo Empoeirado transmitia.
- Saia daqui, e me deixe ir! Não quero saber como podemos ser iguais, pois seu amor por mim é tão ridículo quanto brilhar o sol intensamente em um dia rigoroso de inverno! - Branca de Neve o empurrou, mas ele chegou mais perto dela, a puxou pela cintura, com as chamas o acompanhando, e os corpos nus dos dois se juntaram tão perigosamente que ele gelou e ela derreteu.
- Somos iguais como a neve é igual a água, minha rainha. Seja minha rainha branca... - Dedo Empoeirado mais uma vez cobriu-a de beijos e gracejos, e apertou-lhe o corpo contra o dela. Sentia cada curva do corpo dela juntando-se ao corpo dele, sentia cada pulsação.
- Me solte, seu...! - Branca de Neve o empurrou, os dois caíram ao chão, e Dedo Empoeirado pôde a prender no chão, com as mãos delicadamente segurando-lhe os braços, marcando os pulsos da menina com fogo, que lambia os seios da menina, e ainda guardava de Dedo Empoeirado cenas que só podiam se ver depois do casamento que os dois nunca teriam.
- Seja minha rainha branca, eu só quero você... Seja minha rainha branca!
O desespero consumiu a voz dele, e o calor se tornou forte. Branca de Neve sentiu cada parte de seu corpo queimar, arder, doer, e ouviu cada grito e gemido de desespero. Enquanto isso, Dedo Empoeirado pela primeira vez sentiu o frio, sentiu as dores, pôde notar como era ser tão ruim por fora como Branca de Neve era.
Os dois provaram de si mesmos, e logo depois, não provaram de mais nada...
Uma pequena mistura de "Coração de Tinta", "Branca de Neve" e a música Snow White Queen - Evanescence