Catelin Sofia (Post chalé 20 -Hécate- )

Entrei no meu respectivo chalé um tanto quanto curiosa. Fazia muito tempo que minha curiosidade não aflorava desse modo. Olhei para Safya, que enrolava-se em meu pescoço com os olhos amarelados vasculhando todo o chalé. Parecia infinito! Mas era tão silencioso que eu imaginava poder ouvir todos os pensamentos de Safya.
O salão principal já era, em si, colossal. O chão parecia tão frio e duro, tão forte e indestrutível, mas em realidade era quente e macio. Dócil. Sensível. Exatamente como eu, que sempre tentava passar as impressões erradas.
Passei pelo salão tocando em tudo, olhando por baixo de todas as mesas, vendo por trás de todas as colunas, movendo e recolocando tudo no seu lugar. Curiosidade. "Desde quando, Catelin? Desde quando você não se sentia assim, por não querer parecer desconfiada?" Safya sibilou e desceu por meu corpo, deslizando pelo chão negro, sobressaltando-se com as cores vivas que seu corpo tinha.
- Muito tempo. - Respondi com os olhos cravados em uma carta escrita em letras complicadas douradas. "Você tinha 5 anos, Catelin? Sim, 5 anos você tinha..." - Quando eu te encontrei. Eu podia ter morrido picada por você, mas você não me picou. Por quê? - "Eu senti que você era especial, minha querida."
Abri a carta e meus olhos leram as palavras, mas meu pensamento somente concentrava-se na voz sibilante de Safya. - Pois sentiu errado. Não sou especial coisa nenhuma...
"Leia a carta, Catelin, Ser filha dela não é ser especial?"
Mais uma vez meus olhos leram o que tinha ali escrito, e meu cérebro o acompanhou.

“ Bem vindos meus filhos e minhas filhas, criei este chalé exatamente para vocês, mas ainda não esta completamente construído... Espero que gostem! “.
- Ainda existem mais... Eu com certeza não serei boa como eles. Vamos só esperar, e eu tenho certeza que isso acontece...
Safya ficou calada, e agradeci tanto por isso que me apressei por ir logo ao meu quarto. Deixei a carta em seu lugar e procurei por alguma escada, ou um corredor com uma plaquinha indicando "quartos por aqui". Não foi muito difícil encontrar aquela enorme escada. Dourada e enorme. Chamativo de mais para mim. Arrumei a saia do meu uniforme escolar e soltei um palavrão. Odiava aquele uniforme. O quanto mais rápido eu pudesse trocar aquela roupa, melhor. Mas com o quê? Eu não tinha levado nada... "Bem, quem sabe eu faça aparecer com a força do pensamento, ou sei lá..."
Subi as escadas correndo, uma mania que eu não tinha perdido. Ficava cansada quando eu as subia devagar, mas quando eu corria por elas meu corpo parecia ser leve e livre, sem derramar nenhuma gota de suor, ou ficar arfando no final da corrida.
Dirigi-me direto para o espaço feminino, esperando cores douradas e prateadas, como no salão principal, mas na verdade tinha me deparado com um mundo cor de rosa mais escuro. Dei meia volta nos calcanhares e abri a porta para o dormitório masculino. Azul e negro. Minhas cores preferidas. Agora sim estava melhorando. "Não vai ficar aqui, vai?" Safya encarou-me desgostosa. "Você é uma dama, deve ficar na parte feminina."
- Não vou, seja eu uma dama ou seja lá o quê. Você sabe que eu odeio rosa, e eu não vou ficar na parte feminina só porquê você quer. Aliás, eu não sou a unica por aqui, por enquanto? Posso ficar onde eu quiser. Esse lugar todo é quase meu. Meu e seu.
Joguei minha mochila em uma cama e examinei todos os cantos do dormitório. Era... Legal. - Bom, vamos ver o que mais tem lá embaixo. - Saí correndo, com Safya reclamando em meu ouvido, sobre ser feminina e começar a me comportar como uma dama. Revirei os olhos, mas continuei quieta. Só porque eu não gostava de usar saia e da cor rosa, não significa que eu não fosse feminina. " Ah! Mas eu darei um jeito em você, mocinha." - Não vai mesmo. - Sorri e escorreguei pelo corrimão da escada, com a saia minúscula da escola mal cobrindo minhas coxas.
Vaguei por áreas de treinamento, áreas de lazer, e tentei abrir mil e uma portas que estavam trancadas. Tirei um grampo do meu cabelo e tentei arrombar as portas, como eu sempre fazia na escola ou na casa das outras pessoas, mas eu havia me esquecido que tudo ali era feito por magia, e se as portas estavam trancadas, eu dificilmente abriria elas se não que por magia. Chutei a porta. - Droga! - Junto com o olhar crítico de Safya, de dentro da porta veio um rugido. Encarei ela e fui me afastando rapidamente do corredor. - Hãn, mas quem precisa de tanto espaço, né? Não uma menina só, ha...
"Estúpida... Estou mesmo perguntando-me se era você a pessoa "especial" quem eu esperava.."
Revirei os olhos e joguei Safya no chão. Ela rastejou atrás de mim com todas as pragas que ela poderia conhecer, mas eu simplesmente tirei os sapatos e o paletó do uniforme da escola e joguei-me numa cadeira da mesa em que eu havia encontrado o bilhete.
- É. Não sou mesmo.

2 comentários:

  1. Gostyo da sua imaginação. E do seu jeito de escrever. Boa semana!

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  2. Obrigada *-*
    É muito bom ler seus comentários, ha. Me deixa confiante u.u
    Boa semana *O*

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