O vício da dor.

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Ligue o som. Ponha no máximo por favor.
Deixe que todos os instrumentos façam seu corpo flutuar, deixe que sua dor te consuma.
Tão incrível a capacidade do ser humano de aumentar a sua tristeza. É um vício. É uma droga. Por mais que seja dolorosa, ela é algo que é bom de se provar. Você se sente mais humano.
Depois de um dia ou dois, já está sucumbindo a isso. Suas forças se vão. Seus membros pesam. Sua mente pesa, sua alma pesa. Uma simples respiração te lembra daquilo tudo, e você quer fugir. Para bem longe dali, muito longe dali.
Então você chora, se joga no chão, e simplesmente implora. Implora por Deus que tudo passe, que as coisas melhorem, que você saia desse vício eterno.
Depois de um tempo, sem mais lágrimas, sem mais se contorcer, a música ecoa pelo quarto fechado e escuro. A respiração fica pesada, tudo parece silenciar-se para ouvi-lo entoar junto com a música. O órgão e os violinos fazem com que sua alma sinta-se leve, com que seus membros parem de pesar.
Suas lágrimas dançam mais uma vez por seu rosto, seguindo o ritmo do que escutam.
Elas vão limpando tudo por onde passam, mas nunca tiram o que tem em seu coração.
Cada pesar, cada soluço.
Nunca mais passará.
Todos os dias a mesma coisa. A mesma dor.
Os mesmos soluços.
As mesmas lágrimas.
As mesmas cãibras e os mesmos gritos.
A mesma música.
Os mesmos instrumentos.
De repente, você nota seu inimigo mortal, que lhe acompanha todos os dias, com a doce e sangrenta trilha sonora.
Machucando cada vez mais, lembrando da primeira vez com que saboreou o sabor da tristeza e se viciou.
Lembrando cada vez mais de como tudo foi um erro, de como agora a decepção faria parte de você.
Porque, por mais que você diga que esqueceu, realmente não é a verdade.
A música sempre estará lá, no canto mais obscuro de sua mente.
Tocando lenta e pausadamente, como se já estivesse com o disco riscado, mas mesmo assim com a música intacta, só um pouco mais velha.
Pois, meu amigo, nada é realmente esquecido.
O som, aquele que as vezes afaga seus cabelos dando consolo, será seu pior inimigo. 
O remédio do seu esquecimento.
O remédio de gosto doce que você repetia a dose todas as vezes... Até chegar a loucura.
Mas a loucura não é doce como o remédio pelo qual você exagerou.
Ela é amarga como as lágrimas que limparam o seu rosto, naquele dia fúnebre.

Mas é tudo um segredo...

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Sentei na pedra e observei a paisagem ao meu redor. Tudo tão branco... Frio, tudo tão frio.
As árvores sem folhas, com os galhos balançando pelo forte e congelante vento de inverno, que batia em meu rosto, deixando-o vermelho, e espantava os cabelos de minha face para poder receber mais algumas pancadas.
- Afinal, é tudo um segredo, não é? - Suspirei e comecei a estalar os dedos. Era uma mania horrível, mas eu não podia, ou melhor, não conseguia parar. - E daí se eu quebrar os dedos? Nem faria tanta importância... Eu não poderia tocar em você com ou sem eles, de qualquer forma... - Olhei para o céu, coberto pelas nuvens, mas que não estavam tão acinzentadas assim. Era um dia de inverno bonito... Por mais que doloroso.
Joguei-me na relva coberta pela neve, e passei a mão pelo meu casaco.
Sozinha. As vezes era melhor assim... Sem ninguém para se apegar. Sem ninguém para fazer com que acreditasse em mentiras. Sem ninguém que machucasse você.
Mas as vezes podia ser ruim. Ruim pelo fato de que, quando alguém chegasse, você estaria tão desesperada por uma voz, um abraço, que acreditaria em qualquer coisa, sem nunca saber como eram as reações de uma mentira.
- É... Deve ser melhor se machucar uma vez e aprender, do que se machucar muitas vezes e nunca entender porquê. - Olhei para o lado e vi uma flor. Uma última flor, congelando, com as pétalas desesperadas, implorando por calor. Ser a última doía mesmo...
A arranquei do chão, sentando-me e observando cada detalhe da florzinha inocente. Estava branca, tingida e misturada com a neve. Beijei com os lábios já vermelhos de tanto frio as pétalas da flor. Acariciei com a ponta do dedo e deixei que uma lágrima caísse sobre ela.
- Eu te envergonho tanto assim, para ser tudo segredo? - Levantei os olhos para o céu, tentando impedir as outras lágrimas. - E... e eu sou tão idiota por chorar toda vez que penso que você tem vergonha de segurar minha mão? E-eu só queria que alguém me amasse de verdade... Queria que alguém cuidasse de mim... - Passei os dedos secando as lágrimas que desceram teimosas por meu rosto, e não pude mais conter minha voz. Solucei, deixando que as lágrimas banhassem a flor que eu pressiona com tanta força no peito. Deixava que ela ficasse mais fria, e que meu rosto sentisse mais dor com o vento que o espancava.
Já não tinha nenhuma palavra, nenhuma frase que espantasse ou então chamasse minha dor de volta. Só haviam lágrimas... Que iam embora, mas não levavam nada....
- Por que tem tanta vergonha de mim? Eu nunca fiz nada pra te deixar assim... E-eu... Eu só queria o seu amor... E... E... E nada. Não ganhei nada... Mas eu também não merecia, né? - Minhas lágrimas dançaram em volta do sorriso sem jeito que dei, do sorriso sem vida. - Não mereço nada... Nada, nada... Nunca mereceria... Não, nunca...
E então começou a nevar.
Os meus cabelos foram ficando brancos, minhas lágrimas foram ficando mais geladas do que já estavam, minhas mãos foram ficando vermelhas, e meu corpo não conseguia resistir mais ao frio.
- É... Os segredos não deveriam existir, não é? Como meu amor por você... Ele é um segredo... Simplesmente não deveria existir.

Pedido à Deus.

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Eu não tenho mais ninguém para amar, restou-me somente você para mim.
Você e suas mentiras que me machucam mais e mais, e eu ainda deixo que as lágrimas corram por meu rosto.
Ele estava realmente certo...  Estou muito nova para amar. Muito nova pra entender que meus amores nunca vão continuar onde eu quero que continuem, nem como. E eu desejo  todos os males para você, males que deiixam-me saciada por um momento, com os gritos que eu imagino vindos de você. Mas ao mesmo tempo eu não quero me saciar com eles.
Esqueça, Manuela, esqueça eles como eles esqueceram de você. Jogue-os no chão e deixe que se quebrem, como se fossem brinquedinhos, que nem eles fizeram com você. 
Mas eu não consigo. Pois por mais que eu os odeie, eu ainda os amo. Ainda quero o bem deles mesmo que eles tenham deixado-me tão mal.
E então eu assumo que foi culpa minha, pois eu me deixei fazer-se de idiota. E eu não queria, mas deixei. Deixei por causa dessa porcaria de amor, que dizem curar feridas, mas na verdade é a coisa que mais as causa.
Você disse que eu era apaixonada, e você confuso. Mas eu não quero mais fazer esse papel. Esse papel machuca e dói. Esse papel mata. Já quero mudar de personagem, mas Deus não deixa.
Ele me diz que está escrevendo meu destido torto em linhas retas, é o que eu ouço em meu ouvido, todas as noites que vou dormir, sussurros vindos do além.
Eu me pergunto o que tão errado eu fiz para ter esse destino. Já perguntei a Ele, mas o mesmo não me responde. Já implorei para que eles acertasse qualquer palavra, que a escrevesse na linha, com a caligrafia bonita.
O que aconteceu foi que minha mente foi se apagando, e meu eu foi se perdendo.
Eu só vivia das lágrimas. 
E eu perguntava novamente a Deus por quê ele escrevia meu destino em um caderno tão bonito, mas com uma letra tão feia. Perguntei também o que eu podia fazer, o que Ele podia falar, para as pessoas, para que elas notassem que eu não sou nada. Que por mais que minha presença na vida delas seja tão inútil e insignificante, eu podia ter algo de bom em tudo isso.
Mas outra pessoa me respondeu que não tinha.
Outra pessoa sussurrou em meu ouvido que eu só trazia mal, e que todos mentiam para mim. Que eu era ridícula, mórbida. E eu acreditei.
Os pesadelos cobriram meus sonhos, nuvens cinzas num céu tão azul. Tudo ficou mais difícil de se ver com a chuva que caia, que depois de acordar eu notei que eram minhas lágrimas. 
Lágrimas tão salgadas, tão cheias de dor... Nem chorando a minha angústia ia embora, e eu só queria que tudo melhorasse. 
Deus, eu disse, por favor, escreva pelo menos a palavra família em boa caligrafia no meu caderno do destino. Faça que pelo menos isso melhore e minha dor seja somente por uma coisa ridícula chamada amor, dor na qual eu posso simplesmente sorrir e esquecê-la, pois se os outros conseguem eu também posso tentar.
Mas eu não o que aconteceu... Ele não me ouviu... E de novo aquela voz veio assombrar-me os sonhos. 
Notei que tudo estava perdido...

O último suspiro.

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"- Não... Você não está cuidando de mim... Está me protegendo... - A menina sorriu, com a voz arrastada, a garganta jorrando sangue, com o vermelho saindo de sua boca. E morreu em seus braços."


As lágrimas rolaram pelo rosto de Anelys. Por que sempre terminavam assim, os amores? Doces amores...
Ah, como ela odiava esses livros... Como ela precisava deles!
Cada palavra, cada frase. Cada história contada em pequenos parágrafos, que juntavam-se e formavam uma vida. Eram como drogas.
Ela as odiava. Faziam mal. Mas mesmo assim ela necessitava delas. De cada uma delas. De todas elas.
Seus sentimentos eram meramente conduzidos pelas histórias. Sua humanidade, pelas palavras.
Ela era feita delas. Não de verdade. Mas sim, sua alma.
Seu alimento eram cada letra, cada acento. Ávidamente devorando livros e mais livros. Sem pensar nas consequências.
Deixava todos de lados, ela não se importava. Tinha amigos ricos, amigos pobres, amigos bonitos, amigos apaixonados. Tinha personagens. Tinha seres que não eram reais, mas sim saiam da cabeça humana e criavam vida em sua mente, criavam laços familiares, criavam laços de amor.
Ahh, sim. Ela os amava.
Cada um deles.
Cada parte deles, ela os conhecia. Cada fio de cabelo, sabia dizer o comprimento, sabia dizer a cor. Sabia como eles se sentiriam, o que falariam. Era fissurada. Totalmente fissurada neles.
Seu amor podia ser definido por palavras que tinham sido dedicadas para outra pessoa. Seu ódio, também. Sua dor. Sua felicidade.
Tão independente das emoções dos seres inanimados.
Sendo que devia ser totalmente ao contrário.
Eles precisariam dela para viver. Para sentir. Para poder continuar vivos.
Mas ela dependia deles para seguir em frente e esquecer o mundo em sua volta.
O mal que reinava nos livros, esses ela poderia derrotar. Sempre derrotava.
Mas agora?!
Não!
Aquilo mudara, quando a menina morrera nas mãos de seu amado amigo. Tão corajoso e tão apaixonado! Como ela odiava tudo aquilo!
Que tipo de humano era aquele, que matava e esquartejava todos os bons, e deixava que o mal pairasse no seu cruel mundo? Que tipo de escritor era esse?!
Anelys fechou o livro e o jogou no chão do quarto. Era tarde da noite. As velas iluminavam o local, junto com o fogo da lareira. Ela abraçou as pernas e cobriu os ombros com o cobertor, olhando para todos os lados.
Sozinha. Ela estava sozinha.
Seu mundo tinha desmoronado quando a menina tinha se afogado em seu próprio sangue.
As lágrimas dançaram ainda mais por seu rosto, e os dedos ficaram gelados. Nada mais estava normal em sua vida. Sozinha. Nunca ela estivera sozinha, sempre tendo um livro debaixo de seu braço. Mas agora ela tinha o lançado no chão, junto com o final doloroso que ele tinha reservado.
Sim, aquele era o final.
A última frase.
O último suspiro.

Por que?

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O que sentir? Chorar? Rir? Fingir força quando na verdade tudo o que eu quero é desmoronar diante de tudo e todos, dizer tudo o que eu penso, fugir e nunca mais voltar?
As palavras machucam, e machucam tanto...
Estejam elas lá para lembrar-me de alguém, de algo... De que você foi embora, deixando-me jogada como um brinquedo já velho. Sem graça. 
Trocada.
Substituída.
Nunca amada.
Vejo todos tão... bem. Rindo, rindo do mundo. Rindo de suas boas vidas, rindo de seus bons amores. Rindo, todos rindo. Como se rissem de mim, que só sabia ser enganada, e nunca provara de um amor longo e verdadeiro. Um amor que não machucasse, um amor que somente fizesse com que eu derramasse lágrimas de felicidade.
Não lágrimas de tristeza... Maldita tristeza.
Maldito coração.
Maldita mente.
Maldito pensamento.
Maldito amor.
Nunca soube o que era receber um beijo. Nunca fui beijada. Nunca soube a sensação de tocar os lábios de alguém, e sentir uma onde de paixão tomando seu corpo, tomando sua mente. Deixando você sem atos, entorpecida, ligada somente aquela pessoa em sua frente, que lhe acariciava com a boca.
Mas eu sei tão bem como definir isso. Tão bem como alguém deve se sentir. Como devia ser, perfeitamente.
Os sonhos têm seus toques de verdade. Quantas vezes sonhei com eu e você juntos? Nos amando? Nos querendo? Sendo um em dois? 
Tantas...
Mas aquilo não é verdade. Talvez a única verdade que tivesse lá fosse... Fosse bem, meu amor por você. Meu tolo amor por você...
NUNCA NADA DÁ CERTO!
Por que?! Por que eu nunca posso ter um amor verdadeiro? Alguém que cuide de mim? Alguém que queira realmente meu bem, e não um brinquedinho?! 
POR QUE TODOS MENTEM PARA MIM?
É tão engraçado assim me ver sofrer? Eu não quero fazer parte dessa apresentação! 
Isso dói tanto... Mas tanto... Por que me fazer chorar? O que ganharão com isso?
...
Por que ir embora?

Uma imagem de vários modos, puro Levados Pelo Vento!

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Eu não resisti, ok, eu admito u.u
Acontece que quando eu vi essa imagem, eu simplesmente pensei "Isso é a cara do levados pelo vento, mas não daria pra por como banner principal..." 
Fiquei com pena, e então editei de um monte de jeitos a imagem. E eu gostei muito, ha.
Eu sei que o meu blog é só pros meus textos, mas eu tenho que postar a imagem (e seus derivados)! Espero que gostem, e se não gostarem, tudo bem. Comentem, e se não comentarem, poxa. (Ninguém lê meu blog mesmo, quem é que vai comentar?)





EU SEI QUE É A MESMA COISA, MAS AINDA SIM É DIFERENTE, OK? OK.

Catelin Sofia (Post chalé 20 -Hécate- )

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Entrei no meu respectivo chalé um tanto quanto curiosa. Fazia muito tempo que minha curiosidade não aflorava desse modo. Olhei para Safya, que enrolava-se em meu pescoço com os olhos amarelados vasculhando todo o chalé. Parecia infinito! Mas era tão silencioso que eu imaginava poder ouvir todos os pensamentos de Safya.
O salão principal já era, em si, colossal. O chão parecia tão frio e duro, tão forte e indestrutível, mas em realidade era quente e macio. Dócil. Sensível. Exatamente como eu, que sempre tentava passar as impressões erradas.
Passei pelo salão tocando em tudo, olhando por baixo de todas as mesas, vendo por trás de todas as colunas, movendo e recolocando tudo no seu lugar. Curiosidade. "Desde quando, Catelin? Desde quando você não se sentia assim, por não querer parecer desconfiada?" Safya sibilou e desceu por meu corpo, deslizando pelo chão negro, sobressaltando-se com as cores vivas que seu corpo tinha.
- Muito tempo. - Respondi com os olhos cravados em uma carta escrita em letras complicadas douradas. "Você tinha 5 anos, Catelin? Sim, 5 anos você tinha..." - Quando eu te encontrei. Eu podia ter morrido picada por você, mas você não me picou. Por quê? - "Eu senti que você era especial, minha querida."
Abri a carta e meus olhos leram as palavras, mas meu pensamento somente concentrava-se na voz sibilante de Safya. - Pois sentiu errado. Não sou especial coisa nenhuma...
"Leia a carta, Catelin, Ser filha dela não é ser especial?"
Mais uma vez meus olhos leram o que tinha ali escrito, e meu cérebro o acompanhou.

“ Bem vindos meus filhos e minhas filhas, criei este chalé exatamente para vocês, mas ainda não esta completamente construído... Espero que gostem! “.
- Ainda existem mais... Eu com certeza não serei boa como eles. Vamos só esperar, e eu tenho certeza que isso acontece...
Safya ficou calada, e agradeci tanto por isso que me apressei por ir logo ao meu quarto. Deixei a carta em seu lugar e procurei por alguma escada, ou um corredor com uma plaquinha indicando "quartos por aqui". Não foi muito difícil encontrar aquela enorme escada. Dourada e enorme. Chamativo de mais para mim. Arrumei a saia do meu uniforme escolar e soltei um palavrão. Odiava aquele uniforme. O quanto mais rápido eu pudesse trocar aquela roupa, melhor. Mas com o quê? Eu não tinha levado nada... "Bem, quem sabe eu faça aparecer com a força do pensamento, ou sei lá..."
Subi as escadas correndo, uma mania que eu não tinha perdido. Ficava cansada quando eu as subia devagar, mas quando eu corria por elas meu corpo parecia ser leve e livre, sem derramar nenhuma gota de suor, ou ficar arfando no final da corrida.
Dirigi-me direto para o espaço feminino, esperando cores douradas e prateadas, como no salão principal, mas na verdade tinha me deparado com um mundo cor de rosa mais escuro. Dei meia volta nos calcanhares e abri a porta para o dormitório masculino. Azul e negro. Minhas cores preferidas. Agora sim estava melhorando. "Não vai ficar aqui, vai?" Safya encarou-me desgostosa. "Você é uma dama, deve ficar na parte feminina."
- Não vou, seja eu uma dama ou seja lá o quê. Você sabe que eu odeio rosa, e eu não vou ficar na parte feminina só porquê você quer. Aliás, eu não sou a unica por aqui, por enquanto? Posso ficar onde eu quiser. Esse lugar todo é quase meu. Meu e seu.
Joguei minha mochila em uma cama e examinei todos os cantos do dormitório. Era... Legal. - Bom, vamos ver o que mais tem lá embaixo. - Saí correndo, com Safya reclamando em meu ouvido, sobre ser feminina e começar a me comportar como uma dama. Revirei os olhos, mas continuei quieta. Só porque eu não gostava de usar saia e da cor rosa, não significa que eu não fosse feminina. " Ah! Mas eu darei um jeito em você, mocinha." - Não vai mesmo. - Sorri e escorreguei pelo corrimão da escada, com a saia minúscula da escola mal cobrindo minhas coxas.
Vaguei por áreas de treinamento, áreas de lazer, e tentei abrir mil e uma portas que estavam trancadas. Tirei um grampo do meu cabelo e tentei arrombar as portas, como eu sempre fazia na escola ou na casa das outras pessoas, mas eu havia me esquecido que tudo ali era feito por magia, e se as portas estavam trancadas, eu dificilmente abriria elas se não que por magia. Chutei a porta. - Droga! - Junto com o olhar crítico de Safya, de dentro da porta veio um rugido. Encarei ela e fui me afastando rapidamente do corredor. - Hãn, mas quem precisa de tanto espaço, né? Não uma menina só, ha...
"Estúpida... Estou mesmo perguntando-me se era você a pessoa "especial" quem eu esperava.."
Revirei os olhos e joguei Safya no chão. Ela rastejou atrás de mim com todas as pragas que ela poderia conhecer, mas eu simplesmente tirei os sapatos e o paletó do uniforme da escola e joguei-me numa cadeira da mesa em que eu havia encontrado o bilhete.
- É. Não sou mesmo.

Assassinato Perfeito.

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Escuro. Gritos. Dor. E minha risada.
Uma noite perfeita, uma morte perfeita.
Um assassinato perfeito.
Quem diria...
Achava que machucando tanto o coração daquela menina simplesmente teria lágrimas derramadas por ele. Como se ele fosse o melhor de todos, absoluto, fantástico. Um deus.
A menina com certeza tinha derramado suas tantas lágrimas, com certeza tinha tido a vontade de implorar novamente por ele.
Mas eu não fui assim.
Três vezes meu coração tinha sido partido, enganado, tinha feito-se de idiota, e agora o homem que havia feito isso com meu coração pagaria...
Desculpe, eu disse homem?
Que ridículo!
Aquilo não é um homem. Não importa a idade. É somente um moleque. Um garoto que se acha o melhor de todos, que crê que tem todo o direito de trazer a dor para suas muitas amantes. 
Repugnante.
Ele com certeza não pensava assim de si mesmo. Mas era assim que ele era: repugnante.
Achava que suas noites de prazer com a menina eram sem amor, pelo menos vindo dele realmente era. Mas dela? Ah, ela entregava seu corpo tentando mostrar como seu coração sentia.
Estúpida.
Suas pernas abertas nunca iriam mostrar o quanto de amor ele ia deixar entrar por ali. 
Estúpida, repugnante.
Mas eu faria ele pagar. Pagar por todas que ele havia enganado, e todas que ele havia colocado mais lágrimas em sua coleção infinita.
Arrancaria-lhe a pele. Dela eu faria pergaminhos, pergaminhos que iriam contar de vários modos diferentes sua morte. Morte absurda, morte bem programada. Morte perfeita.
Seu sangue derramaria sob meus pés. Suas lágrimas, mesmo que no escuro, eu poderia sentir. Sentir cada lágrima das meninas que ele havia enganado, que se pensavam mulheres por terem aberto as pernas para um cafajeste.
Depois, os gritos. Ah, sim, os doces gritos de dor e agonia, os mesmos gritos que as meninas haviam soltado quando ele tinha dito a verdade. Mentiroso.
O local seria a prova de som. Os gritos seriam ouvidos somente por mim. Os gritos eram somente meus.
E então, depois de banhar meu corpo no sangue dele, cortaria-lhe a língua e costuraria-lhe a boca. Nada mais de mentiras, meu querido deus. Meu deus do sol. 
Morto.
A sua imortalidade era uma mentira também, não é?!
Provavelmente você mesmo tinha a contado a si mesmo.... Repugnante.