Ela capturou ele como um carneirinho...
A voz dela o seduzia, a aparência e as curvas o deixavam louco, o faziam desejar pelo melhor.
Os lábios vermelhos, os olhos negros.
Aquilo parecia familiar, aquilo era familiar.
Cantava a música como se uma sereia estivesse chamando o marinheiro para debaixo do mar, os olhos examinavam cada parte do corpo dele, as mãos o tocavam em partes certas, deixando-o cheio de prazer.
Como ele poderia não lembrar daquela face tão perfeita?!
- Você não lembra meu nome, não é? - Ela o rondava, levando-o pela mão até mais fundo na floresta. Dançava em sua volta, o vestido branco de seda arrastava pelo chão. - Eu realmente não me importo... Sabe... - As palavras que ela dizia soavam como veneno, o veneno doce de uma serpente, que dançava em volta de você, se exibia, cantava e sibilava em seu ouvido, até atacá-lo, mostrando-lhe o juízo final. - Podemos jogar do seu jeito? Acho que... Finalmente.... Poderíamos perder o controle? Do mesmo modo que iríamos fazer, antes de Mary chegar...
O rapaz a encarou, não sabendo se assustava-se, tentando lembrar quem era aquela mulher.
- Como sabe de Mary??
- Ah... Mary... - Ela cuspiu o nome como se fosse a pior maldição, mas logo sou jeito sereno e tentador voltou a face. - Ela é uma bruxa, meu carneirinho... Ela fez com que você se esquecesse de mim... Lançou-lhe feitiços, por inveja... Reduziu nosso amor como fez com as flores que ela transformou em pó...
Ela o beijou a testa, depois o nariz, e o surpreendeu com um longo beijo na boca. A língua brincava com a língua dele, e um gosto metálico de sangue ficou na boca dele. Ela estalou os lábios, como se saboreasse um vinho muito bom, lábios vermelhos como sangue.
Ele sorriu, ignorando completamente o gosto do sangue em sua boca, pegou-a pela cintura, e juntou o corpo ao corpo dela. O beijo era intenso, como o fogo, e perigoso, como o veneno. Aos poucos, ele ia tirando o vestido dela, mas logo parou.
- Mary... Ela não...
- Shhh...- Ela pôs o dedo nos lábios dele, logo depois de retirá-lo, mordeu os lábios do rapaz, e sussurrou-lhe aos ouvidos. - Mary tinha um carneirinho, com olhos enegrecidos como o pó, o pó das flores, que simbolizava o nosso amor, que ela apagou... - Ela o acariciava a nuca dele com a unha, causando-lhe arrepios. - Se nós brincarmos em silêncio, ela nunca terá de saber... Podemos perder o controle? Só hoje... Somente uma vez em minha vida... A última...
Ele não resistiu, e entregou-se aos gracejos da mulher que ele sequer sabia o nome.
Jogou-a no chão, flores e folhas os cobriam, e logo não havia mais nada do que somente um manto de flores os cobrindo em suas brincadeiras.
Era uma noite de inverno, e a neve pôs-se a cair... Mas mesmo assim, o frio não foi um problema...
Consumidos em uma perca de controle audaciosa, o fogo saiu do corpo da bruxa que o havia enganado... O fogo misturou-se com o veneno da mesma, e o homem tanto gritava que é claro que Mary saberia.
Os olhos da bruxa brilhavam de ódio e vingança, os lábios vermelhos do sangue que ela roubara dele sem o mesmo saber, os olhos que o traíram, seduzindo-o, presenciaram tudo com um eterno gosto de maldade e maliciosidade...
- Ah.... Mary nunca precisará saber...
E sumiu.
Desapareceu como se nunca tivesse feito nada.
Como se o veneno derramado, que ela mesma havia sugado e bem escondido, nunca existisse...
Como se o fogo não fosse a mesma... Como se ela simplesmente tinha perdido o controle por diversão...
Oh, não...
Mary nunca precisará saber...
Texto inspirado na música Lose Control - Evanescence
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