Ártemis supervisionou todas as caçadoras fazendo seus devidos trabalhos atenciosamente, mas um pouco cansada.
Sob sua forma de uma menina de 12 anos, a Deusa optou por simplesmente subir em uma árvore e ficar olhando para a lua.
Ela encostou a cabeça, com a longa trança caindo como uma cascata negra pelas costas, no tronco da árvore e respirou fundo, examinando as estrelas, pensando em algum lugar para tirar uma certa folga.
A monotonia de dias a fim sem nenhuma caça já estava a corroendo por dentro, e o que ela mais desejava era fazer algo, nem que fosse caçar um coelho, ou transformar alguns homens em misturas horripilantes de animais.
Ártemis sorriu com a ideia de brincar com algum daqueles mortais repugnantes, mas ignorou o fato.
O que ela queria mesmo era sair dali e ficar em uma paisagem diferente.
O rosto da Deusa se rejuvenesceu dois anos, e ela foi a procura de sua tenente, dando-lhe ordens de ficar de olho em tudo enquanto a mesma ficava fora por um instante.
Ao chegar no lugar destinado, Ártemis sentiu a leveza no corpo. O som da água batendo nas rochas, o som das ondas, parecia varrer os pensamentos de sua mente. Leve. Leve como uma pluma. Ela gostava da mente assim.
A Deusa notou que certos semideuses andavam quebrando as regras, e com um toque de nojo no olhar, notou que era um casal. Ignorou, afinal da vida dos outros ela decidia não tomar conta, somente a de suas caçadoras.
Esgueirou-se atrás de uma palmeira, e deixou o vento bater em seu rosto pálido e infantil.
Olhou para o céu e observou as estrelas, cada uma mais brilhante e distante que a outra... Até mesmo aquela aveludada e bem...
Os olhos da Deusa se estreitaram, e ela notou que nem de longe aquilo era uma estrela. Cruzou os braços e sorriu notando que um Deus também procurava por certo descanso do mundo.
E, que ironia ela notou em seu pensamento, ao tempo que descobriu que o certo Deus era Hipnos.
Ártemis notou rapidamente que Hipnos divertia-se mais e mais com os semideuses.
Curiosa, a Deusa ousou olhar para o casal e sentiu o cheiro do sangue da menina. Um sorriso passou por seu rosto, notando que alguns semideuses além de quebrar as regras, metiam-se em brigas realmente desnecessárias, nada que uma boa vingança da menina não pudesse concertar, com certeza.
Ártemis voltou o olhar para o céu, mas Hipnos já estava tapando-lhe a vista.
Sem sequer ter de olhar duas vezes, a Deusa notou que Hipnos a examinava e julgava como sempre devia julgar.
- Entendo...Até mesmo os olimpianos precisam de descanso, não é?
Um sorriso passou pelo rosto de Ártemis.
Hipnos era um rapaz bonito por assim dizer, mas o nojo e a indiferença quanto aos homens da Deusa foi mais forte, e, somente por educação, e até mesmo admiração pelo Deus ser tão gentil, ela deu-se o prazer de conversar com o mesmo.
Sua forma passou de 10 anos para 16, uma aparência mais confortável para se conversar com qualquer um.
- De fato. Acho que o resto dos Deuses não se sentem assim, mas as coisas andam paradas. O que faz aqui, além de só descansar? Algo mais? Vigiando alguém?
Ela fez um gesto com a cabeça para os dois meio-sangue, e passou a trança para trás.
Os cabelos bagunçavam-se com o vento, e o tempo já estava ficando mais frio, com o passar do tempo.
Suas vestes já estavam sujas de terra e areia, a calça jeans fria com o ar úmido, e a camiseta de mangas branca um pouco suja.
Ela gostava das coisas assim. Exatamente do modo que ficavam na floresta.
Com os tênis, fez o desenho de uma lua sorridente na areia, e logo o apagou, suspirado de prazer com a calmaria do lugar.
- Estou apenas descansando e observando as tolices dos mortais, é interessante a forma como agem. Fazer coisas novas as vezes faz bem... E você, veio apenas descansar...?
A Deusa sorriu e levantou-se, ficando a altura de Hipnos. Os seus cabelos soltaram-se da trança, o que a deixou um pouco irritada.
Levou as mãos até os longos cabelos negros e começou o trabalho de refazer a trança, o braço incansável passando hábil e rapidamente cada mexa do cabelo por cima da outra.
Em questão de um minuto a trança já estava presa com um prendedor prateado, e a trança caia-lhe pelo ombro delicadamente, até metade da costa.
- Bem, como eu disse, as coisas andam paradas... Eu e minhas caçadoras estamos a dias sem nada para caçar. Pode ser bom para elas, que agora estão descansando e aproveitando a "folga", mas para mim isso se torna sufocante.
A Deusa sorriu e fechou os olhos, suspirando calmamente como se aquilo realmente a agradasse.
Levou as mãos até os bolsos da calça jeans e passou o peso de um pé para o outro, indo para frente e para trás.
- O que o senhor anda fazendo ultimamente? Tem visto algum monstro por aí?
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