Tão impressionada com aquelas palavras no caderno, tantas e tantas, que pareciam nunca terminar. Folhas e mais folhas com amor, traição, felicidade, tristeza, dor, ciúmes, rancor, orgulho... Cada coisa misturada com a outra de modo que a pobrezinha não conseguia compreender o mundo de palavras que ela mesma havia criado.
Quando ela lia as palavras, com o tom certo, no momento certo, todos aqueles sentimentos borbulhavam nela, todos os ruis se misturavam com os bons, e a menininha virava uma arma de emoções posta em combate.
Cadernos e mais cadernos.
Alguns somente até a metade, outros, totalmente lotados, poucos sem nenhuma palavra ainda, com as páginas frias e brancas, esperando por alguma pessoa, para ir abri-las e dar-lhes portas para um novo mundo.
Um mudo que existe tanto aqui, como do outro lado do papel, que ela podia se transportar tão rapidamente com o simples imaginar de uma cena. Ela era parte da história, tal como a história era parte dela.
A pequena se impressionava tanto com a facilidade que sua mão se movia rapidamente pelo papel, desenhando com a caneta letras e mais letras, das quais ela nunca entenderia de onde vieram e porquê vieram até ela. Era o mistério de todo mago das palavras, o mistério do que chamariam de todo "escritor". Aqueles que davam vida a novos mundos aos que não conseguiam abrir estes com suas próprias palavras.
Somente com a luz da lua para esboçar nas linhas aquela obra de arte, a pequena maga não sabia o que lhe saia da cabeça...
Eram simplesmente palavras soltas no ar, dançando, criando vida, e sussurrando no ouvido dos outros as suas histórias.
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