O sonho imortal.

A primeira coisa que ele me dizia era para esquecer tudo aquilo, ignorar.
Eu tentava, mas as lágrimas sempre vinham pelos meus olhos, caindo silenciosos por meu rosto. Marcas tão secas quanto meus olhos recém enxugados ficavam em minha face, lembrando-me da dor.
Não sei mais o que fazer com você, Safira... - Como o desaponto na voz dele me machucava.. Como os olhares de reprovação me faziam chorar ainda mais, e tentar melhorar. 
Chorava, então, no meu mundo secreto. No meu mundo unico. Ninguém iria me repreender lá. Tinha me apaixonado por aquele modo protetor, e ao mesmo tempo aprendido a odiar aquele olhar reprovador. O mesmo que sempre via, todos os dias, da mesma pessoa.
Então o criei novamente, da tinta e das lágrimas, fazendo-o ainda melhor, de modo que logo me cativei por algo que nem sequer era real.
Ele me levava embora, pensando que tudo melhoraria, mas ele não sabia que não afastava-me do meu mundo de sonhos, minha verdadeira doença. Meu mundo imaginário, que me tirava a atenção do mundo real, onde ele estava, lembrando-me de que eu esperava ansiosa por dormir e encontrar minha paixão perfeita.
Chorava novamente, mas não por minha depressào, mas sim pela injustiça que eu havia criado de nào poder encontrar meu doce amor além dos sonhos, além das noites.
Safira, pare com isso, estamos indo embora... Esqueça-a...- Novamente eu chorava e gritava, a dor misturada com o amor e a felicidade.
Descobri que não poderia continuar assim. Teria que acabar rapida e desesperadamente com isso. Por mim e por eles. Ambos os dois, o imperfeito e o perfeito. O bom e o mal. A realidade e a ilusão. A salvaçào e o remédio.
Ele não devia ter me deixado de lado nem por um minuto. Não devia ter virado os olhos por um segundo sequer. Meu amor de verdade nunca teria feito aquilo comigo. Teria continuado olhando para mim com seu lindo sorriso, e nunca teria soltado minha mão.
Mas a verdade era que agora ele, o imperfeito, deveria correr atrás  de mim, para conseguir segurar novamente minha mão, antes que eu caisse...
Mas ele não conseguiu...
E, então, eu dormi para sempre. Podendo ficar com meu amor, com minha salvaçào. Não precisando sonhar mais com meu paraiso e com meu anjo guerreiro. Ali estava ele. Eu já estava no sonho... Num sonho eterno e incansável... Num sonho imortal.



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