Minha maldita máscara desgastada.

Aquela máscara já estava ficando gasta...
Quase nunca a retirava, e isso estava pondo-me enlouquecida. Logo chegaria o dia em que eu me esqueceria de por a maldita máscara e todos descobririam a minha farsa.
Era melhor eu mudar de disfarce e interpretar outro papel, pois minhas noites de insonia, molhando meu travesseiro com lágrimas, já estavam me deixando farta.
Todo dia era algo diferente, mais um obstáculo para pular.
Será que aquela peça nunca acabaria? Quantos figurantes a mais entrariam? Quantas vezes os contra-cena  mudariam o cenário e eu me encontraria em um novo desafio?
Cheguei ao ponto de ter de improvisar!
Quando? No mesmo momento em que esta máscara deslisou por meu resto, caindo ao chão, como se fosse uma folha de outono, e pudesse simplesmente se atirar numa revelação como essa.
Cheguei ao ponto de esquecer minhas falas (coisa que nunca havia acontecido), e ter de pedir ajuda.
A protagonista era eu...
A peça dependia completamente de mim, o peso dos cenários nos meus ombros...
Imagine, desde já, o fardo que ando carregando...
Mas essa peça nunca termina... essa atuação nunca vai ao fim... 
"Não saia do personagem!" Eles me diziam...
Nem sabiam como era difícil isso...


0 comentários:

Postar um comentário