Mas lá vai ela, doce menina. Boneca em mãos, tão delicadinha.
Entrou na casa correndo, derrubou cadeiras e subiu para o quarto. Vejam só, a menina tão feliz, penteando os cabelos da bonequinha.
Sorriso de coração, lábios tão rosados. Olhos de botão, preto iluminado.
Cílios grandes, cabelos longos e castanhos,bochechas rosadas e pálida, a bonequinha, oh, tão querida.
O vestido estufadinho, vermelho e preto, com seus babadinhos.
Meias listradas, vermelho e preto, também, combinando com o vestido.
Quem imaginaria, que depois de tanto tempo, ela fosse ser deixada, sozinha na estante, ouvindo os insultos dos outros companheiros, dizendo que ela não era boa o suficiente, nem forte. Pobre bonequinha, deixada, esquecida.
Acordou para a vida, olhou em volta, os cabelos tão desgrenhados, já soltos e mal tratados. A roupa cheia de teias de aranha, a palidez virando cinza, sujeira por todo seu lindo rostinho.
Abriu os olhos, verdadeiros olhos. O sorriso foi trocado por uma careta triste, melancólica. Pobre bonequinha.
Acorde, disseram a ela, e a boba acordou.
Olhou em volta, mas como tudo estava diferente.
Levante-se, disseram a ela, e a boba levantou.
Não sabia como andar, com os sapatinhos de pano. Mas continuou. Desengonçadamente andou, passos curtos, com as pernas maiores que todo seu corpo. A cabeça caindo no pescocinho pequeno que só continha espuma.
Caia, disseram ela, e a boba caiu.
Caiu, caiu, caiu, caiu.
Lembrou de tudo, dos momentos que os sorrisos eram verdadeiros, em que era uma amiga, em vez de um simples pedaço de pano costurado.
Despencou no chão, mas tudo bem, só tinha tido um olho caído.
Com só o olho que lhe sobrara, o examinou, pegou-o com a mão fraca, e deixou-o cair, com o frio, com o medo. Ela não era aquilo que pensava?
Levantou-se, desajeitada. Os cabelos já cobrindo-lhe a cara, mas continuou...
Pare, disseram a ela, e a boba parou.
Escorregou, a doce bonequinha.
Sozinha ficou, debaixo da estante. Esquecida, novamente, porém nunca mais seria encontrada.
Durma, disseram a ela, e a boba dormiu.
Voltou ao seu sonho profundo, mas sua face nunca voltou a ser a mesma.
E um dia ainda, a menininha encontraria a bonequinha, sem olho, suja, sozinha, triste. E um dia, ainda, a menininha concertaria a doce boneca... Mas a bonequinha, que pena, nunca mais acordaria.
Como a bonequinha é de verdade: Feliz , Triste
Ps: Desculpem pelos desenhos, fui eu que fiz, sei que estão feios.
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