Aos olhos mareados,
o sorriso avermelhado.
Lágrimas decorativas,
e marcas de batalhas.
Eram vidas cansativas,
nunca determinadas.
Sonhos deixados para trás,
estrelas por ainda contar.
Nunca mais iria procurar por aquele rapaz,
sem antes mil lágrimas derramar.
Era estranho e absurdo,
demorado e doloroso.
Para a menina que vivia em outro mundo,
onde tudo era penoso.
Pobre Micaela.
Tentando de todos os modos humanos se reconfortar... Músicas, livros, televisão... Já tinha até mesmo pensar em dormir, se aquilo não lembrasse a ela o porquê de tanto dor.
Como sentia dor pela perda de seu pai. Como sentia saudade... Odiava aquilo. Odiava a palavra e a dor que ela parecia trazer quando era mencionada. Micaela sentia que já não aguentaria mais, sentia que seu coração se evaporava um pouquinho mais ao lembrar do sorridente rosto dele. Ao lembrar das piadas, ao lembrar dos abraços. Mas principalmente ao lembrar da proteção e carinho que ele dava.
Ele era realmente o único que dava tudo aquilo a ela, não era? Era o único que a amava incondicionalmente. O único que nunca tinha ido embora. O único que a protegia da dor que a mãe causava... A dor e uma cicatriz que nunca poderia ser esquecida, que estaria lá o tempo todo, nos momentos de felicidade e de tristeza.
Aonde estava ele agora, era o que ela realmente se perguntava. Não poderia se livrar da mãe de qualquer jeito, então que pelo menos ela soubesse como era a vida depois da morte, para se preparar.
Ela olhou para o céu, e ficou observando as estrelas. O teto de casa era mesmo um bom lugar para se ficar.
Esperou desesperadamente por um sinal.
Tão desesperada que até mesmo pareceu ter visto algo. Um risco pálido com negro nos céus. Não era uma estrela, nem mesmo a escuridão da imensidão em si. Era alguém. E sem antes muito saber, era correto afirmar que Micaela tinha visto um anjo negro levando seu pai embora, fugindo com ele, para algum lugar seguro. Mas não o céu. E sim para o seu juízo final.
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