A Alquimista (Parte 3)

-Chorar é inútil…- Ele passou o dedão sobre meu rosto, secando as lágrimas docemente. – Seus pais não voltarão... A não ser que você use a magia... Mas precisa ser treinada...
-Pare de falar isso! Magia não existe, ok? – Eu chorava ainda mais. A mão de Jeff segurando meu rosto naquele momento só me deixava mais confusa. O que ele queria? Por que me ajudava? Ele... Ele tinha posto fogo na casa! Nos meus pais! E ainda me consolava?
-Não, não existe... Existe a química...
-Como assim?!- Eu ainda soluçava, mas ficava a cada momento mais e mais curiosa sobre todos os fatos... Química? Magia?
-Alquimia, significa química, vem do árabe... – Jefferson percebeu que eu não queria ter uma aula de história, só uma explicação básica, então suspirou e pôs o dedo na testa, mostrando impaciência. Ele tinha mudado... – É a lei da troca, quando se trata de magia, entende? Para se fazer alquimia, é preciso dar algo em troca. Quão maior for o que você pedir, maior o sacrifício...
-Meus pais foram sacrifícios? – Eu não pude acreditar. Minha respiração ficou difícil, mesmo já tendo parado de chorar.
-Sim.
-Para o que? E para quem?
-Para você ser forte.
-Como? Forte para o quê? Por quê? Eu não entendo!
-Eu não sei direito, Alexa! Simplesmente cumpri ordens! Vou levá-la ao conselho...
-Conselho?
-Você quer por favor esperar eu terminar de falar? – Jeff parecia muito irritado. Olhou para mim e falou de modo rude. Eu assenti com a cabeça, e fiquei emburrada, não gostando do modo que ele estava me tratando. – Olha... O conselho é o grupo dos primeiros alquimistas. Cada um representa um elemento. Cada alquimista tem seu elemento mais forte. Por exemplo, o meu elemento é fogo. Consigo praticar muito melhor como o fogo sendo o elemento chave.
-Não entendi nada... – Olhei para ele sincera. Tinha captado umas coisas, mas de resto, não. –Hm... Eu sou uma alquimista?
-Qualquer um é alquimista. Só que a maioria das pessoas não sabem liberar essa essência ancestral.
-Hm... Então, qual é meu elemento?
-É isso que vamos ver com o conselho... Precisamos treinar você, pra o que quer que seja...
-Você não sabe mesmo o porquê disso?
-Não faço a mínima idéia...
Ele parou de falar, e começou a caminhar na direção oposta a minha casa. Virei-me rapidamente para observar as chamas sendo apagadas pela chuva que só então eu tinha percebido. Derramei mais duas lágrimas e segui Jefferson.
Minha curiosidade falava alto demais...

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