As Vozes

Não... Não podia ser... Estava silencioso demais...
Depois dos meus devaneios eu não suportava não ouvir nada. Era como se todo o mundo estivesse silencioso derrepente, como se todo o mundo estivesse parado, como se ele não tivesse mais forças para continuar a interagir...
Eu não podia suportar.
Eu sempre ouvia algo... algo que... que não se manifestava na hora... se é que me entende.
Ouvia os telefones tocarem, e, quando ia atende-los, eles não demonstrava nenhum sinal de ter feito som algum.
A casa era tomada por uma calmaria repentina... Isso me assustava... Quando eu era criança.
Agora, se eu não ouço, eu sei que alguém está me vigiando. Alguém está quieto... Alguém está morrendo.
Alguém próximo de mim.
Os sons do telefone eram a chamada... Era o aviso... Já as vozes que eu ouvia... aquelas eram as vozes das pessoas que iam perder a vida, que iam chorar e implorar por misericórdia... Eram as almas que seriam perdidas nas épocas de batalha.



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