Correntes delicadas...

E balançavam aquelas correntes como se fosse a maior brincadeira do mundo.
Eu estava cega, mas tinha a noção de estar sustenta em uma ponte, com correntes machucando-me o pulso, deixando-o vermelho.
De novo, eu sentia a dor.
Mas era uma dor calma.
Ouvia.
Ouvia o vento batendo, sentia meus cabelos esvoaçando.
Meu vestido estava rasgado, a alça dele já não existia mais. 
Meus pés não tinham sustento.
Não tinham firmeza.
Eram simples partes do meu corpo.
Só mais partes de meu corpo.
Sujos, surrados, machucados, sangrando.
As correntes faziam com que a dor aumentasse.
Sentia meus pulsos doendo ainda mais, como que se, por um erro horrível, eles simplesmente se quebrariam, e eu estaria sendo jogada em um mar profundo...
Eu sorri.
A morte estava na minha vida desde aqueles dias de silêncio.
Eu não ouvia mais nada.
Agora estava cega e surda.
Pois agora minha alma não seria ferida.
Pois agora eu tinha admitido que morreria.
E isso era o suficiente, para me fazer sobreviver.


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